Influencers do sexo

Conheça a vida das prostitutas que são famosas na web e acumulam milhares de seguidores nas redes sociais e fazem sucesso.

Quem é Leydeeh, a ‘coach’ de garotas de programa que faz sucesso no TikTok

Nascida no interior do Rio de Janeiro, Leydeeh Miranda, 36, fez um perfil no TikTok para contar como é o “mundo GP” — abreviatura para garota de programa, “um assunto que ainda é um tabu”, nas suas palavras. “Mãe, escreve um livro ou abre um perfil no YouTube pra contar sua história”, sugeriu o filho de 19 anos, que é quem monitora inclusive as contas dela no Instagram e no TikTok.

“Nem todo mundo nasceu pra ser garota de programa, não. Primeiro, tem que ter talento, meu amor”, @ley.deeh definiu a seus 175 mil seguidores no TikTok em uma sexta-feira de novembro. “É atitude, autoestima, perseverança, trabalhar com a razão e ter um objetivo traçado. Se não tiver isso, pode esquecer”, disse ela, uma garota de programa de luxo brasileira instalada em Marbella, na Espanha.

“Filhos precisam entender mães que trabalham assim; é um trabalho. ‘Prostituta’, aliás, é uma palavra que não me ofende. Prostituta é ser humano, não é melhor nem pior que ninguém. É uma mãe, uma tia, uma prima, uma avó. Não quero que ninguém me ‘aceite’; quero que me respeite”, diz Leydeeh em uma conversa por Zoom com o TAB, a bordo do Jeep zero que comprou num impulso no Rio.

Na família dela, todo mundo sabe do tipo de trabalho, desde os finados avós.

‘Girl from Rio’

Desde os 19 anos, Leydeeh vive num vaivém entre Brasil e Europa, em temporadas de três meses ou menos, cerca de 45 dias.

A rotina espanhola inclui academia, campos de golfe, hotéis e restaurantes “selecionados”. “Lá [na Europa], ando na joia e no Rolex. Mas amo o Brasil e, aqui, eu sou eu também: ando de chinelo Havaiana, adoro um churrasquinho de beira de pista, converso com todo mundo”, conta ela, que já postou vídeos breves com um maço de notas de euro — #sugarbabelifestyle é uma das hashtags.

Dos 14 para 15, “pobre de marré deci”, como definiu no Instagram, Leydeeh (na época Leide) começou a trabalhar como garota de programa. Aos 15, envolveu-se com um cliente por 15 dias e, “menina inexperiente, não usei preservativo”, diz, engravidou.

Depois de ter filho, voltou a trabalhar em endereços no Rio frequentados por estrangeiros até que, certa noite, ouviu a história de amigas de Copacabana que voltaram da Suíça, Itália, França e afins, arrumadas e com dinheiro no bolso.

Apressou-se então para fazer um passaporte e, não muito tempo depois, encontrou um austríaco que visitava a capital fluminense em busca de brasileiras para trabalhar em uma sauna em Viena — lá, elas deveriam repassar 80 euros dos rendimentos do dia à casa. “Ok, é isso? Pode comprar o bilhete que eu vou”, decidiu e foi.

Nos primeiros tempos, notou que se destacava entre as outras garotas, por ser negra, jovem e brasileira. Depois de Viena, passou um tempo em Berlim e voltou para o Rio — desde então, entre idas e vindas, Leydeeh passou temporadas na Áustria, Alemanha, Suíça e Espanha, “nunca ilegal”, destaca.

Aos 22, casou-se com um norueguês, mas se separou em 2013. Hoje, conta que gosta de um outro alguém, mas que não quer tomar decisões para sua vida a partir dele.

Diz que prefere viver amores de momento, e não mais romantizar relacionamentos ou expectativas ao redor deles. “Cliente, depois que vai embora, não quero nem saber dele amanhã. Se ele voltar, que bom, trato todo mundo bem; se não voltar, amém.”

Evitar apaixonar-se por clientes, aliás, é um conselho que ela sempre dá a suas seguidoras. “Existe um ditado: puta apaixonada é puta pobre”. “Dar de graça é 0800. Se você começa a cobrar, quem quiser vai ter que pagar.”

Do 0800 à mentoria

“Luto todo dia. Se eu quisesse, podia estar com o armário cheio de Louis Vuitton, Giorgio, Chanel, mas não: economizo meu dinheiro o máximo que eu posso”, disse, certa vez, no TikTok.

Leydeeh não diz valores em reais ou em euros, mas compartilha conselhos e pretende iniciar uma mentoria sobre trabalhar fora do Brasil como garota de programa, um tipo de “coaching”.

Define-se como uma mulher “determinada, que vai à luta” e que quer ajudar mulheres que estão tentando conquistar um lugar no mercado e que lhe mandam mensagens inbox com dúvidas básicas. “Minha intenção é empoderar mulheres, não ficar julgando”, diz.

Julgamento, ela já viveu na pele várias vezes. No TikTok, alguém questionou recentemente como ela poderia se orgulhar do trabalho que faz. “Me orgulho, sim, minha senhora. Sabe por quê? Porque eu não preciso bater na sua porta para pedir um leite, um pão para meu filho. Não sei se a senhora sabe, mas eu que pago toda a situação para minha família — minha irmã, minha mãe, meu filho. Tenho orgulho demais”, respondeu.

“Antes eu dava de graça e ainda levava na cara. Uma vez um cara me deu um soco e eu morrendo de amor por ele. Ele me disse ‘você não vale nada’ e ainda me jogou da porta assim. E você realmente acha que eu vou ficar me sujeitando atrás de homem? Se ele quer [sexo], ele paga”, acrescentou.

O principal conselho de Leydeeh é “saber o que se quer na noite”, define.

Viver da noite, explica, pode ser dinheiro rápido, mas está longe de ser fácil. “Transar todo mundo transa, certo? Ninguém aqui é santo, ninguém é virgem. Mas transar sem preservativo é uma loucura. Não é pra transar sem camisinha porque cliente oferece 5, 10 mil a mais. Não vale botar a vida em risco por causa de dinheiro”, alerta.

Isso vale para abuso de álcool e uso de drogas durante o trabalho — “já fiz, não vale a pena; por sorte, nunca fiquei viciada, mas droga rola muito fácil nesse mundo e as mulheres precisam ficar alertas”.

Assim, “saber o que se quer na noite” também tem a ver com um pensamento mais a longo prazo, diz.

Trilhar um caminho, mas já pensando em uma data, um prazo (ao menos mentalmente) para sair “da vida”, quer dizer, quais são os objetivos que cada uma, individualmente, pretende alcançar ao ingressar no mundo GP.

“Estava irritada quando disse a história lá [de ter talento para ser garota de programa]. O que quis dizer é que a profissão não é fácil, e que é preciso ter foco, atitude, ambição e coragem”, pondera.

Nessas duas décadas de trabalho como profissional do sexo, Leydeeh aprendeu inglês, espanhol e um pouco de alemão — “sei que meu português não é muito bom”, diz, referindo-se a críticas que às vezes lhe lançam os seguidores, que ela faz questão de responder. “O que seria de mim sem os haters? Nada.

A ostra para se tornar pérola precisa de pedrinhas, areias dentro — é esse processo que transforma a ostra em pérola. Os haters são areinhas, e eu sou a pérola.”

Quem é Patrícia Kimberly acompanhante de luxo faz sucesso nas redes sociais

Ela tem 364 mil seguidores no Instagram, posta selfies diariamente, que ganham milhares de likes. Tem fãs virtuais, perfis fakes, haters, e é reconhecida nas ruas com frequência por seus posts.

A paulistana Patrícia Kimberly, 34 anos, é uma influencer, mas das mais incomuns: em vez de roupas de grife ou maquiagens, vende programas.

Prostituta há 15 anos, descobriu, há quatro, a chance de aumentar a clientela – e os ganhos – nas redes sociais.

Atualmente, uma hora com ela sai por R$ 500, o dobro de antes de criar perfis profissionais nas redes. No Instagram, por exemplo, mostra os lugares que frequenta.

Há desde uma foto montada em um touro mecânico em formato de pênis pink até inúmeros closes de seu bumbum, passando por atividades triviais como selfies na piscina com as amigas ou na academia.

Todas as poses, claro, são provocantes, e Patty está sempre vestida com roupas justas ou decotadas.

As legendas acompanham a ousadia: “Carinha de quem quer aprontar”, “Obrigada meu lindo pela noite, foi um prazer conhecer você”, “Fim de tarde, início de noite… que tal uma cama você e eu? Faremos tudo que a nossa imaginação mandar”. E assim por diante.

“Um cliente me disse para investir nas redes sociais para divulgar meu trabalho. Foi a melhor coisa que fiz. Tem dia que fecho cinco jobs pela web.

Estou na melhor fase. Até porque ninguém para de fazer sexo na crise”, diz, aos risos.